"A paz queremos com fervor a guerra só nos causa dor..."
Nunca foi tão humilhante
para um militar do que ter que se sentar em frente a um "tribunal da
verdade".
Neste último século os
militares tomaram a frente em dois episódios marcantes da história deste país,
um durante a proclamação da República e outro em 31 de março de 1964.
No meu ponto de vista os
militares foram, por assim dizer, influenciados a fazer o "serviço
sujo". As elites deste país sempre souberam tirar o proveito da capacidade
motriz da máquina bélica abrigada no seio da caserna. Não estou aqui acusando o
alto escalão das forças armadas de indivíduos desprovidos da inteligência.
Estou querendo atingir o ponto básico onde para um verdadeiro coração
combatente, as vantagens e o conforto possibilitados pelo dinheiro, estão em
uma escala inferior ao da honra.
"Vamos usar os
militares para o momento necessário, para então com a calma, restabelecermos a
democracia". Esses dois episódios demonstram claramente esta possível reflexão.
Em ambas as situações o
erro foi o apego ao poder. Fica bem claro que a ambição repousa na alma dos
homens. Porém enquanto a ditadura se implantou, aos olhos do mundo, o Brasil se
tornaria um grande e próspero país. Isto não aconteceu, porém não por culpa dos
governos militares. O Brasil de hoje estaria pior sem a infraestrutura estratégica
implantada durante este período de vinte anos.
O Brasil de hoje ainda está
muito longe da prosperidade da África do Sul, da Rússia ou da China e
enchemo-nos de orgulho ao nos considerarmos “emergentes”!
Se pudéssemos levantar
dúvidas sobre a necessidade ou não do comparecimento de um oficial do exército
brasileiro (na grande maioria na reserva), no banco deste tribunal, eu poderia
perguntar onde se encontram as vozes que poderiam nos lembrar sobre "lei
não poder retroagir para prejudicar" ou "Lei da Anistia”?
Então este “banco dos réus”
pode sobrepor-se às Leis e a própria Constituição deste país? Ou ainda, porque
apenas convocam os militares? Onde se encontram “os colaboracionistas” do
antigo regime? Sim por que a Lei da Anistia foi relacionada à ditadura
civil-militar, Lei considerada “reconciliadora” onde figuras proeminentes como
José Sarney, Antônio Carlos Magalhães e Marco Maciel, foram igualmente
beneficiados.
O pobre “tribunal da
verdade” não consegue nem mesmo atingir o objetivo nobre pelo qual foi
idealizado, além de ser em si próprio anticonstitucional! A Comissão da Verdade
não tem o poder para convocar depoimentos e sim para uma pesquisa histórica com
objetivos reveladores apoiados pela Lei do Acesso à Informação.
Mandela ao
assumir a presidência da África do Sul poderia se respaldar sobre argumentos
bem mais poderosos para se tornar um “revanchista”.
Neste aspecto o
governo brasileiro atual parece bem mais preocupado em “lavar a honra” de uma
ex-terrorista, obviamente, por esta pessoa ser a atual “presidenta”! O curioso
é que as farpas são apenas atiradas contra os militares do exército! Pergunto-me
sobre a “verdade” daqueles que colaboraram com o antigo regime, aquelas “crias
da ditadura” que enriqueceram, tornaram-se grupos poderosos e que hoje dominam
bancos, empresas, rádios, televisões, internet, jornais e revistas?
Acontece que o
revanchismo petista não faz acusações apenas aos militares do exército, mas
torna a vida amarga também para os descendentes desses militares como eu mesmo.
Será que essa gente poderia ter tal margem de poder para acusar as famílias e
por conta dessa revanche, encharcar a vida de ódio, além da visão perniciosa e
miserável que persiste em cada canto deste país?
31 de março não
é uma data para ser realmente comemorada. Não podemos nos orgulhar de uma
ditadura seja ela por quais motivos forem. Na alma de um militar do exército
mora a honestidade e a honra. Não dá para conciliar tal formação com a ambição daqueles
cujos princípios estão em patamares totalmente opostos!
Sendo assim me
causa estranheza os militares serem chamados ao restabelecimento democrático.
Para em seguida serem os únicos acusados.
Cabe muito bem aqui
a letra do músico Chico Buarque de Holanda (um dos maiores críticos da ditadura
durante os “anos de chumbo”), “...joga pedra na Geni ela é boa de apanhar ela é
boa de cuspir...” mas foi a “a Geni de merda” que evitou do vilão de tudo
explodir!
Marco Antônio
Santos De Amorim